Formações

Fé, superstição e magia

fe supersticao magia

O Catecismo da Igreja nos auxilia a compreender a profundidade da Fé e do Crer no Deus Verdadeiro, diferenciando-os da superstição, da magia, da idolatria e das crenças.

A profissão de fé da Igreja começa com a afirmação: "Eu creio" ou "Nós cremos". A fé, dom gratuito sobrenatural de Deus, é a resposta dada por nós a Deus que se revela e a nós se doa, trazendo ao mesmo tempo uma luz para iluminar o ser humano em busca do sentido verdadeiro de sua vida. Para crer, precisamos dos auxílios interiores do Espírito Santo.

Pela fé, submetemos completamente nossa inteligência e nossa vontade a Deus. A Sagrada Escritura chama esta resposta que damos ao Deus que se revela como "obediência na fé". Obedecer na fé significa o ato de submissão livre à palavra ouvida, visto que sua verdade é garantida por Deus, que é a própria Verdade.

Por meio da fé, podemos experimentar antecipadamente a alegria e a luz da visão da vida eterna, meta de nossa caminhada na terra, quando veremos então a Deus "face a face" (1 Cor 13, 12), "tal como Ele é" (1Jo 3,2).

A fé é um ato pessoal, consciente e livre, isto é, a resposta livre do ser humano à iniciativa de Deus que se revela. Mas também é um ato da Igreja. Recebemos a fé de outros, devemos transmiti-la a outros. Nosso amor por Jesus e pelas pessoas nos impulsiona a falar a outros de nossa fé. Somos um elo na grande corrente dos que creem. A fé da Igreja precede, gera, sustenta e alimenta nossa fé.

Algumas pessoas confundem fé com superstição, crenças e magia. A superstição é condenada pelo primeiro mandamento: somente Deus deve ser adorado e somente a Ele devemos prestar culto.

A superstição é o desvio do sentimento religioso e das verdadeiras práticas religiosas. Ela pode afetar o culto que prestamos ao verdadeiro Deus, quando atribuímos importância mágica a certas práticas legítimas ou necessárias, tais como as devoções e a recepção dos Sacramentos.

A superstição, por exemplo, pode levar a pessoa a fazer o sinal-da-cruz antes de entrar em campo com o objetivo de ter sorte no jogo, carregar o terço como amuleto para protegê-la do perigo, proferir as palavras das orações como condição para controlar a vontade de Deus, fazer promessas para barganhar uma graça – sem se submeter a vontade de Deus, colocando Deus numa condição de obrigação de fazer, queimar os ramos bentos no Domingo de Ramos para afastar o temporal, tendo esse ato por si mesmo a força de tal façanha, ou batizar uma criança para deixá-la mais calma. Estas práticas supersticiosas não levam em consideração as disposições interiores que a vivência da verdadeira religião exige.

A magia fundamenta-se na certeza de que o ser humano tem poder para controlar as forças da natureza e sobrenaturais (e também a própria divindade) por meio da repetição literal de fórmulas criadas desde os tempos imemoriais – obtidas inclusive por meio dos seres sobrenaturais. Nessa perspectiva, a magia coloca-se como uma atividade que permite ao ser humano submeter a divindade aos seus caprichos. A própria divindade não consegue deixar de fazer o que está sendo determinado por quem detém o conhecimento da fórmula e sabe proferi-la corretamente, palavra por palavra, gesto por gesto.

Atualmente, tem crescido, por exemplo, o uso das redes sociais para divulgação das "correntes de oração". Comumente, são mensagens com forte apelo de piedade e devoção. Desejos e pedidos com formulações que tocam o coração humano. Saúde, paz, prosperidade, amor, bênçãos, emprego, tranquilidade no lar. Todos pedidos e desejos legítimos, exceto alguns que carregam uma forte "teologia da prosperidade". No entanto, a conclusão via de regra leva à superstição e à magia, com condicionantes que trazem males incontroláveis se as determinações não forem cumpridas à risca, inclusive o respeito ao número exato de pessoas a quem encaminhar.

Considerando os princípios bíblico-teológico-doutrinais do Catecismo da Igreja Católica, atribuir força a uma repetição mágica das chamadas "correntes de oração", com suas promessas e ameaças, nada mais é do que uma grande superstição. Trata-se de uma prática supersticiosa e mágica, pois atribui ao ritual a força de controlar inclusive a ação de Deus. Tampouco expressam ou favorecem a comunhão dos fiéis, visto que a comunhão se dá, mais do que no desejo de coisas legítimas, na entrega total do ser humano à vontade divina. Pois, o "Pão Nosso de cada dia" é para que tenhamos condições de realizar o "Seja feita a Vossa Vontade".

Ou seja, as práticas supersticiosas – dentre elas as "correntes de oração", propagadas nos diversos meios – criam a ilusão de estarmos realizando obras de evangelização e de oração cristã, gerando em nós a sensação de sermos bons cristãos, quando na verdade são demonstrações do desejo de autossuficiência dos seres humanos, isto é, o querer se tornar, como bem lembra o livro do Gênesis, "deuses".

 

Catecismo da Igreja Católica

2110 – O primeiro mandamento proíbe prestar honra a outros afora o único Senhor que se revelou a seu povo. Proscreve a superstição e a irreligião. A superstição representa de certo modo um excesso perverso de religião; a irreligião é um vício oposto por deficiência à virtude da religião.

2111 – A superstição é o desvio do sentimento religioso e das práticas que ele impõe. Pode afetar também o culto que prestamos ao verdadeiro Deus, por exemplo, quando prestamos uma importância de alguma maneira mágica a certas práticas, em si mesmas legítimas ou necessárias. Atribuir eficácia exclusivamente à materialidade das orações ou dos sinais sacramentais, sem levar em conta as disposições interiores que elas exigem, é cair na superstição (cf. Mateus 23, 16.22).

2138 – A superstição é um desvio do culto que rendemos ao verdadeiro Deus. Ela se mostra particularmente na idolatria, assim como nas diferentes formas de adivinhação e magia.

Vitor Nunes Rosa
Professor universitário. Mestre em Educação
Especialista em filosofia. Especialista em administração escolar
Licenciado em Filosofia. Formado em Teologia
André Luiz de Góes Nunes
Advogado. Especialista em Direito do Trabalho
Acadêmico de Teologia
Coordenador do curso de teologia da Escola de Formação Fé e Vida


COMENTÁRIOS


Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Se achar algo que viole os termos de uso, denuncie. Leia as perguntas mais frequentes para saber o que é impróprio ou ilegal.

Fornecido por CComment

Paróquia São Francisco de Assis

Compartilhe!
Salvar
Preferências do usuário de cookies
Usamos cookies para garantir que você obtenha a melhor experiência em nosso site. Se você recusar o uso de cookies, este site pode não funcionar como esperado.
Aceitar todos
Recusar todos
Política de Privacidade
Analíticos
Ferramentas usadas para analisar os dados para medir a eficácia de um site e entender como ele funciona.
Google Analytics
: Utilizamos ferramentas do Google neste site.
Aceito
Não aceito
Marketing
Conjunto de técnicas que têm por objeto a estratégia comercial e em particular o estudo de mercado.
Facebook
: Contém informações relacionadas a impressões de anúncios.
Aceito
Não aceito
Platform161
: Contém informações relacionadas a impressões de anúncios.
Aceito
Não aceito