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Fé e Marketing

Fé e Marketing

Talvez, alguns estranhem o título deste artigo (que já publiquei numa edição da Revista Marketing Católico há anos, e agradou muitos leitores que me pediram cópias ou e-mails dele, para que o relessem, já que tinham perdido a revista onde fora publicado), relacionando a fé e a atividade de Marketing, entendendo que elas sejam incompatíveis; porém vou mostrar-lhes que há uma íntima relação entre ambas. Inicio recordando os princípios básicos do Marketing. Marketing é a atividade que visa atender as necessidades das pessoas, sejam elas físicas ou emocionais. Necessidades são as nossas carências e, estatisticamente, sabemos que 70% delas estão no âmbito emocional e apenas 30% são classificadas como físicas, sendo que muitas destas (classificadas como necessidades físicas) são satisfeitas a partir do emocional: como a aquisição decarros, roupas ou até mesmo alimentos.

Produto ou serviço em Marketing é tudo o que atende uma necessidade. Assim, a satisfação das necessidades humanas se dá por meio de produtos ou de serviços, que, por sua vez, podem ser tangíveis ou intangíveis. Veículos, roupas e sanduíches, por exemplo, são produtos tangíveis. Já, se formos ao cinema ou ao teatro, estaremos adquirindo um produto intangível, pois o que levaremos para casa ao fim da apresentação será apenas uma sensação de prazer.

Porém, como vimos anteriormente, mesmo a aquisição de um veículo ou de uma roupa (bens tangíveis) não se dão apenas a partir de uma decisão racional, gerada exclusivamente por nossas necessidades físicas, como locomover-se ou vesti-se. Em ambas há a interferência (na maioria das vezes inconsciente) de um componente emocional por trás de nossa decisão final, como status, moda, gosto pessoal, cores, etc. Diante disso, vemos que tanto o emocional como as coisas intangíveis são parte de nosso mundo real, físico e tangível, mais do que possamos imaginar!

O que é fé?

A Fé é uma realidade intangível para aqueles que creem. Intangível, porém tão real que muitos, no decorrer de mais de dois milênios de Cristianismo, pela fé foram capazes de sacrificar a própria vida, a exemplo de Jesus Cristo! Morreram acreditando na Salvação a eles apresentada de forma Intangível, porém crível pela fé. Morreram para que a Verdade do Evangelho fosse transmitida integralmente, de geração a geração, até os dias de hoje, a partir de seus testemunhos, contados às gerações posteriores.

Os méritos de nossos santos e santas, devidamente canonizados pela Igreja, ultrapassam os seus martírios, as obras por eles realizadas e mesmo os sacrifícios enfrentados em suas vidas, por que o que os levou a estas atitudes radicais, extremas, e em alguns casos até irracionais, foi a fé que todos eles cultivaram em seus corações! Não fora a fé de cada um deles, provavelmente as suas histórias seriam outras e, talvez os seus nomes nem se perpetuassem no decorrer dos séculos, na história de nossa amada Igreja.

Diante disso, concluímos que apesar da intangibilidade, da invisibilidade e da imaterialidade da fé, ela é para os que creem algo tangível, visível e concreto
a ponto de transformar totalmente o rumo de suas vidas. Tão tangível que a Carta aos Hebreus a define assim: "A fé é a certeza daquilo que ainda se espera, a demonstração de realidades que não se veem." (Hb 11,1)

A Fé é uma certeza daquilo que ainda não se alcançou, mas que se tem certeza de que um dia será alcançado, logo ela é uma expectativa positiva, concreta e satisfatória. Expectativa que, por esta razão, nos leva a crer e a esperar, pacientemente e com alegria!

O Marketing trabalha e desenvolve a fé dos consumidores

Apesar do título acima soar para alguns como uma heresia esta é uma realidade: as ações de Marketing procuram objetivamente despertar e manter a fé dos consumidores em produtos, marcas ou serviços que a desejam oferecidos a partir de sua qualidade, utilidade, necessidade e de outros diferenciais. Obviamente não se trata aqui da nossa fé cristã, mas de uma fé que os faz acreditar naquilo que é intangível, porém sensível e satisfatório a eles nos bens e serviços que adquirem. Senão, o que é que faria com que as pessoas preferissem produtos que, por exemplo, tenham apenas uma grife como o seu diferencial? Nada mais do que a satisfação de algo intangível, que lhes traga prazer, sensações positivas, status e segurança! Esta é uma realidade tão explícita que o Marketing utiliza o verbo fidelizar para identificar as ações e estratégias que procuram manter os consumidores fiéis às marcas ou aos serviços de seus clientes! A fidelização concretiza e consolida a credibilidade nos produtos, marcas e serviços, fator indispensável para que eles se mantenham no mercado e sempre presentes na mente dos consumidores. Uma das ferramentas mais importantes da fidelização é uma ação que denominamos de pós-venda, que nada mais é do que a atenção ao cliente depois de concretizada a compra do bem ou do serviço. Todas as empresas que investiram em ações de pós-venda, subiram no ranking de preferência dos consumidores em seu segmento (muitas delas alcançando o topo), consolidaram as suas marcas e se mantiveram na mente de seus clientes por muito tempo, fidelizando-os.

Como está o "pós-venda" da Igreja Católica Apostólica Romana?

Se o Papa Francisco nos pede que, neste ano, de uma maneira especial, exortemos a fé de nossos fiéis católicos levando-os a terem confiança na Misericórdia de Deus, precisaríamos, a princípio, verificar em nossos corações o grau de misericórdia que deixamos transparecer aos que nos cercam, particularmente os novos adeptos de nossa fé católica. Senão corremos o risco de propagar a todos os cantos a imensidão e a profundidade da Misericórdia Divina, que de tão grande e abundante que é, chega a transbordar de nossos corações, alcançando os que nos cercam; mas, na prática, não deixamos transparecê-la por meio de nossa conduta no dia a dia. Além disso, sob a ótica do Marketing, precisaríamos ainda verificar outras de nossas "ações pós-venda", ou seja, as nossas ações posteriores à admissão (ou à recuperação) de fiéis à nossa organização. Podemos nos concentrar nas células básicas da Igreja: as paróquias e (arqui)dioceses espalhadas pelo mundo, mas de uma maneira objetiva nas situadas aqui em nosso País. Poderíamos iniciar nos questionando: Como está a satisfação de nossos paroquianos e eventuais frequentadores de nossas paróquias? Esta satisfação abrange desde o atendimento nas secretarias, o acesso aos párocos ou aos seus vigários, o conforto e a acolhida dentro das igrejas durante as celebrações (isto envolve: bancos, visibilidade, temperatura ambiente, iluminação, sonorização, banheiros, estética e harmonia visual dos elementos internos: imagens, presbitério, ambão, sacrário, altar, entre outros), a possibilidade dos fiéis aprofundarem seus conhecimentos em cursos diversos de liturgia, estudos bíblicos, história da Igreja, sacramentos, oração, marketing aplicado à Igreja Católica, etc. O acompanhamento posterior dos fiéis que tenham recebido algum Sacramento como o Batismo, o Crisma, a Primeira Comunhão, o Matrimônio, sempre precedidos de um "cursinho" obrigatório... mas nem sempre sucedidos por um acompanhamento satisfatório. Estas questões anteriores são pertinentes tendo em vista as necessidades físicas de uma maneira geral. Porém, lembrando-nos ainda de que 70% de nossas necessidades estão no âmbito espiritual, incluindo aí a nossa fé cristã, precisaríamos verificar, principalmente, se as necessidades espirituais de nossos fiéis estão sendo satisfeitas dentro de suas expectativas. Diante disso podemos nos perguntar:

Nossos fiéis estão satisfeitos espiritualmente com a nossa fé católica que, basicamente, se fundamenta nos Sacramentos ministrados pela nossa Igreja? Estes Sacramentos que a eles ministramos (e ensinamos) vão ao encontro de suas necessidades espirituais, correspondendo aos seus anseios, às suas dúvidas, aos seus temores ou às suas esperanças e expectativas?

Nossos fiéis católicos encontram em nossa Igreja e nos Sacramentos repostas ou ao menos consolo para os seus sofrimentos físicos e espirituais? Encontram em nossa Igreja: conforto, amparo e respostas que lhes satisfaçam, quando perdem algum de seus entes queridos?

Nós já nos atemos para qual é o diferencial de nossas paróquias ou de nossas comunidades eclesiais que possa fazer com que cada vez mais fiéis católicos venham aderir à nossa amada Igreja Católica Apostólica Romana?

O grande diferencial das Igrejas Católicas: a devoção aos santos!

O padroeiro ou a padroeira de sua paróquia ou de sua comunidade é o grande diferencial que pode atrair e manter um número crescente de fiéis participando regularmente das atividades religiosas! E, muitas vezes, nem todos percebem ou valorizam isso! Sugiro, para uma pesquisa inicial no intuito de detectar esta percepção, algumas questões como:

Há uma devoção concreta ao padroeiro(a) da Paróquia? Esta devoção é estimulada por meio de novenas frequentes, tríduos, missas especiais ou de outras ações?

Há literatura fácil e objetiva sobre a vida ou detalhes dos méritos do padroeiro(a)? Há orações especiais pedindo a intercessão do padroeiro(a), disponíveis e gratuitas aos frequentadores?

O Pároco e as pastorais estimulam esta devoção, mesmo nas celebrações cotidianas?

Lembremo-nos de que a devoção ao padroeiro(a) é um dos diferenciais de uma paróquia e de que ela pode servir de estímulo para que muitos fiéis católicos passem a participar da comunidade, confiando na sua intercessão junto ao céu. Mais do que preparar anualmente a festa do padroeiro(a) precisamos estimular esta devoção ao longo do ano, instigando os fiéis a experimentarem o poder de Deus que pode se manifestar em suas vidas pela intercessão dos santos e santas! Por meio da devoção aos santos e santas os fiéis chegarão a uma experiência de Deus, tornando-se assim cristãos mais fervorosos e, naturalmente mais fiéis na participação na comunidade eclesial, na fidelização do dízimo, na evangelização e em outras ações que lhe forem propostas. Se o Marketing trabalha e incentiva a fé dos consumidores para os seus produtos e serviços, utilize, sem medo, as técnicas de Marketing para despertar e fazer crescer a fé de seus fiéis. As ferramentas são as mesmas, porém, o nosso objetivo é infinitamente maior: a Salvação de suas vidas!

Antônio Miguel Kater Filho
Diretor executivo e fundador do IBMC


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Paróquia São Francisco de Assis

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